«Eu, hoje, farei uma pergunta: como é a relação com o meu anjo da guarda? Escuto-o? Digo-lhe “bom dia”, de manhã? Digo-lhe: «Guarda-me durante o sono”? Falo com ele? Peço-lhe conselho?», disse Francisco.

Já o afirmei várias vezes: o Papa Francisco confunde-me. Por um lado, gosto da sua simplicidade (não sei ainda se sincera, se encenada), da sua terra a terra, da sua tentativa de regressarmos às origens. Por outro lado, no entanto, muitas vezes exagera nestas suas ações de propaganda a ponto de se tornar apenas mais um. E um líder nunca é apenas mais um, a sua voz tem que ter um peso, um lastro, que guie, que oriente. Este equilíbrio que, concordo, é muito difícil de conseguir, ainda não foi atingido por Francisco, E depois... as suas constantes referências aos anjos e ao demónio irritam-me profundamente. "Digo bom dia ao meu anjo de manhã?" Por acaso até digo, muitas vezes, mas o meu anjo tem pernas e braços e cabeça para pensar, e nem sequer é um só. Prefiro pensar que "o meu anjo", são aqueles que Deus vai pondo no meu caminho, todos os dias, a cada momento, e me impedem de meter ainda mais argoladas e me acolhem quando, apesar de tudo, eu as meto. Este eu nos outros e os outros em mim parece-me muito mais importante, muito mais cristão, que recorrermos a uma entidade abstrata. Sou cristão, sim, tenho fé, sim, mas uma fé alicerçada em cristo e vivida nos e com os outros. Parece-me que é muito mais sedutor e, ao mesmo tempo, muito mais desafiante, tentar encontrar esse Deus que me chama e me reconhece naqueles com quem vou caminhando. Particularmente quando, como é o meu caso, caminhando com os dois pés assentes em mundos aparentemente tão díspares mas realmente tão próximos entre si.

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