Lá tenho eu que voltar aqui.
Já me falta pouco para acabar o livro e como história não é grande coisa. Curiosamente, acho-o bem mais útil como manual de bíblia que como ficção. A sensação que tenho é que José Rodrigues dos Santos empenha-se em demasia em justificar as ideias do Tomás perante uma demasiado crédula Valentina que nunca se preocupou em pensar a sua fé. Realmente, creio que uma católica um bocadinho mais afirmativa, mais convicta da sua fé, menos cabeça de vento e menos maria-vai-com-as-outras, que pudesse dar alguma luta ao historiador - não tanto na informação mas nas conclusões que tira a partir delas - apenas enriqueceria a história. Provavelmente estragaria a leviandade do Tomás Noronha, mas um bocadinho de contraditório enriquece-nos sempre, e aquelas constantes interjeições dela tiram-me do sério. É preciso nunca ter pensado a sério em Jesus e na fé que se professa para se espantar com o facto de ele ser judeu.
Mas também não se pode exigir muito ao autor porque provavelmente os católicos que ele conhece são justamente aqueles que, quando muito, vão à missa ao domingo, e nunca se comprometeram a sério com a sua fé. Não que isso seja defeito para ninguém - aliás, ser cristão também não é virtude, é escolha - mas sempre é mais permeável quem vive na superfície.

Contudo, apesar de, mesmo eu, com toda a minha ignorância na matéria, conseguir identificar alguns (para não dizer muitos) erros crassos a olho nu e sem grande esforço, não tenho gostado do processo de intenções que alguma igreja tem levantado. Nem acredito que o José Rodrigues dos Santos tenha qualquer intenção de ferir susceptibilidades, ou dizer mal seja quem for - embora termos como "fraude" sejam demasiado fortes e desnecessários e apenas contribuam para o aumento do "ruído", mas enfim.

Acredito que aquilo que, por via do Tomás Noronha, o autor escreve, resulta mesmo da sua convicção que fez uma importante descoberta que a Igreja e os teólogos em particular se empenharam a esconder, e isso anda muito longe da verdade. O que é um facto é que eu próprio me perguntei algumas vezes porque nunca houve um empenho maior em divulgar estas informações. Sei que seria complicado, mas no limite contribuiria para o desenvolvimento de uma fé madura, mais consciente e menos superficial. E evitaria que agora tivéssemos que justificar em vez de explicar a verdade com calma e com tempo.

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