Devo ser dos poucos que não gosta particularmente dos I qualquer coisa. Isso nunca me impediu, contudo, de admirar o Steve Jobs, como admiro outros fundadores de impérios como a Google, o Facebook, a Microsoft... São pessoas cujas vidas nos ensinam muita coisa: como aproveitar as oportunidades, como não ter medo de avançar sozinho, ignorando os velhos do Restelo, como se pode correr muitos riscos e ainda assim triunfar, como cair e levantar para aprender a cair melhor.
Hoje, enquanto vinha para cá, ouvia uma excelente peça que passava na TSF acerca do Steve Jobs, das suas dificuldades financeiras quando estudava, dos sacrifícios que fazia para não gastar as poupanças de uma vida dos seus pais, da sua escolha por estudar caligrafia, porque era bela e antiga apesar de aparentemente não servir para nada - e que, afinal, lhe cultivara o gosto pelo belo que tão profundamente marcou toda a Apple.
Quando nós olhamos para estes verdadeiros magnatas dos tempos modernos temos tendência para pensar que nasceram com o rabiote voltado para a lua, que são especialmente bafejados pela sorte ou pelos deuses, ou então que são sobredotados e, por isso, pouco têm de comuns mortais. Quase nunca é assim: são pessoas dotadas, sim, mas fundamentalmente esforçadas, aplicadas, que fazem das fraquezas forças que não se permitem pensar pela cabeça dos outros nem desistir dos seus objectivos por dá cá aquela palha. E é justamente por isso, por serem comuns mortais, tal como nós, que podemos e devemos aprender com eles.
Recordo-me muitas vezes do choque que apanhamos todos na faculdade quando nos foi dito que os Evangelhos não tinham sido escritos por super-homens ou anjos mas por pessoas comuns, pequenas até, aos olhos dos outros homens. Não podia ser. Porque haveríamos então de seguir o que tinha sido escrito por pessoas tão comuns e simples como nós? Como respeitar então as escrituras se não tinham sido escritas por pessoa especialmente abençoadas por Deus? Descobri afinal que é justamente nos simples e pelos simples que Deus se nos dá a conhecer todos os dias. E que se formos bem sucedidos nessa árdua tarefa de sermos, nós próprios, simples, podemos ajudar outros a escrever, na sua vida e na dos outros, a sua própria Boa Nova.
Confundimos muitas vezes, demasiadas vezes, sabedoria com poder, sucesso com ostentação.
Até por isso, pela forma simples como se vestia, aprendi com Steve Jobs.
Que descanse em paz.

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