"Estávamos diante de uma pessoa generosa e inteligente. A Maria João perguntou há quanto tempo lá trabalhava: há nove meses. Parecia, pelo entusiasmo, que era há nove minutos. Perguntámos se a congratulavam por ser tão rápida. "Sim", respondeu. Mas, quando insistimos ("Toda a gente?"), ela desabafou, contra vontade: "Não, há pessoas que passam por mim como se eu fosse um avião."
É uma grande frase. É um grande pecado não ver as pessoas que são visíveis. As pessoas que lavam as casas de banho; que pintam os muros da praia; que limpam as ruas. Ou os velhos e as criancinhas que passam por nós. 
São as pessoas invisíveis, a quem não falamos, que são o anjo Elias entre nós, os outros eus de Lévinas; os convidados inesperados que, se dermos por eles e nos lembrarmos deles, hão-de ajudar a salvar as nossas pobres e comprometidas almas."



Miguel Esteves Cardoso, Público 2011-05-29


Até para ver como param as modas, tenho andado apostado em descobrir Deus em cada dia por entre as muitas notícias que leio em cada dia. Encontro-O sempre que O procuro, mas curiosamente, quase nunca onde O espero. Recebo umas dezenas largas de blogues religiosas, cristãos ou não, e é neles que começo a minha busca. Em vão. Andamos todos demasiado focados nas teologias e dogmáticas e outras que tais e parece que esquecemos que Deus se revela no quotidiano e que o quotidiano é informal e despretensioso. Mais curioso ainda é que as pessoas que mo revelam à partida nada têm a ver nem com religião nem com Deus e muito menos com a Igreja.


E isso tem-me dado que pensar.

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