Uma das minhas maiores dificuldades -e, creio, dos nossos dias - é conseguir fazer tudo aquilo que gostaria. E é uma grande dificuldade! Assoberbado pelo trabalho, curioso pelo que vai acontecendo de último grito tecnológico e livreiro, inapelavelmente atraído pela malta nova, absolutamente viciado em notícias, a sensação que tenho muitas vezes é a de que o dia não me chega para viver. Mais ainda: quando alio tudo isto à idade que, inexoravelmente, vai avançando, sinto muitas vezes que a própria vida não me chega para o que me falta ainda viver.

É terrível, isto. É terrível a sensação que a vida se nos escapa por entre os dedos, que o tempo não volta para trás, que algures está a acontecer alguma coisa que eu gostaria de fazer, onde eu gostaria de estar, com quem gostaria de estar, mas que tenho que me limitar à minha própria finitude.
É ainda mais terrível para quem, como eu, tem fé. Porque sei que esta minha vida me foi dada, não para mim mas que possa ser para os outros. Mas então se for para os outros o que fica para mim? Se nem tempo tenho para fazer o que eu gosto ou quero como o poderei fazer para os outros?

Um dos motivos da minha paixão por Jesus é que ele aponta o caminho com uma simplicidade desarmante: "Quem quiser ganhar a vida vai perdê-la; Quem quiser perder a vida vai encontrá-la." Simples. Absolutamente simples. Como tudo em Jesus!

Quando, no balanço de final de cada dia, me apercebo que estou esgotado por correr atrás de moinhos de vento, é quando entendo melhor o que Ele me quer dizer. Afinal, muito daquilo porque corri não era assim tão importante; afinal, muito daquilo que deixei para trás não era assim tão importante; afinal, muito daquilo em que deixei de participar não era assim tão importante. Importante, mesmo, é conseguir saborear, com um sorriso, cada entrega, cada compromisso, cada descoberta, cada momento, como se fosse único.
E que a vida é melhor vivida quando a entregamos aos outros.

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