Não acredito nada nessa coisa do Destino. Acredito que Deus tem um plano com o nosso nome, mas que nos cabe decidir se o cumprimos ou não. A cada momento. Acredito por isso no ficar atento às oportunidades que nos vão sendo colocadas no caminho e acredito que é Deus quem as coloca por intermédio de outras pessoas. Cabe-nos escolher, a cada momento, quais as que queremos seguir ou não. Se calhar, também por causa disso, nunca fui muito de correr à procura do futuro, de fazer grandes planos, mas dei sempre muita atenção ao que me ia acontecendo, àquelas pequeninas coisas que passam muitas vezes despercebidas mas que acabam por se revelar decisivas ao fim de algum tempo.

Vem isto a propósito da poesia. Houve um tempo - há tanto tempo! - andava eu no 9º ano, que, despertado pelo professor Mário Soares, me apaixonei pela poesia. Nas aulas ele declamava como nunca ouvira declamar, como nunca pensara ser possível declamar. Nunca esqueci os poemas que ele nos oferecia nas aulas: Cântico Negro, de José Régio; Adeus, de Eugénio de Andrade; Calçada de Carriche, de António Gedeão. Depois do 9º ano mantive essas memórias auditivas no baú das recordações e nunca mais lhes peguei. Nunca tive nem o tempo nem a disponibilidade mental necessárias para lá voltar.

Mas voltei. Recentemente. Instigado por fora - como acontece quase sempre comigo - volto a ler poesia, reencontro-me com o Régio e o Torga, com a Sophia e o Eugénio, e volto a dar uma olhada no Gedeão. Vou-lhes dando os bons dias e deixando que eles mos enriqueçam, assim como quem não quer a coisa. Vou redescobrindo o efeito mágico das palavras, a forma como me apelam à serenidade.

E agradeço. Todos os dias. Por Deus colocar no meu caminho as pessoas certas a cada momento.

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