20110606
Lembro-me que quando comecei a tocar viola ficava muitas vezes embasbacado com aquilo que outros, muito melhores que eu, tocavam. Em vez de isso me levar a aprender mais para tocar melhor, desmotivava-me por completo. Ficava dias inteiros sem lhe pegar até que o bichinho voltava e lá estava eu com a menina ao colo.
Isso acontece muito, ainda. Quer com a viola, quer com a escrita, quer com outras mil e uma coisas, porque, com a Graça de Deus, vivo rodeado de pessoas cujas capacidades estão léguas acima das minhas. É frequente, por isso, ficar completamente embevecido quando leio um bom texto, oiço uma boa música, ou acompanho o nascimento de um extraordinário desenho a partir dos seus primeiros esquissos.
O facto de conhecer os meus próprios limites não me impede, contudo, de saborear os limites dos outros, Nem sequer me impede o gozo de escrever, nem de tocar, nem de fazer outras coisas que faço mal mas dão-me prazer. Ajuda-me a colocar nos meus tamanquinhos, impede-me de me colocar em bicos de pés, e permite-me dar enorme valor àquele que, em duas penadas, criam algo absolutamente genial.
E permite-me um certo pudor, que é bom e eu gosto.
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