Tive, ontem, uma experiência fantástica. Fui à Eucaristia ao Hospital de S. João. Já não o fazia há muito tempo - fi-lo durante alguns anos porque cantava num coro que ainda agora lá canta - o que acabou por remeter a experiência da fragilidade que lá se vive para o baú das recordações. Ontem, porém, voltou.

Um dos pacientes, rodeado pela sua família, pediu a Santa Unção porque hoje vai ser sujeito a uma operação complicada. É impossível não nos sentirmos tocados por uma fragilidade assim. Pela inevitabilidade de um dia sermos nós próprios a colocarmo-nos nas mãos de outros, pela presença, comovida mas sem alarde, da família, pelo facto de o sacramento ter sido ministrado lá, no nosso meio, e não no recato da solidão ensinando-nos que, também pelo sofrimento, estamos unidos num só corpo...

Nestes últimos tempos também eu tenho lidado com a fragilidade. A minha avó está cada vez mais velhinha, a minha sogra foi recentemente operada, a Tia Micas morreu há pouco tempo. São experiências que nos marcam sempre. Pela finitude alheia apercebemo-nos que não duramos sempre e que corremos demasiadas vezes em busca de coisas vãs.

Na homilia de ontem, o Padre Nuno ligou-nos, de forma magistral, a um Deus que tem de ser, necessariamente, maior que nós. Um Deus que se quis tornar um de nós mas não se esgota nos nossos conceitos, na nossa racionalidade, na nossa humanidade. Um Deus que está aqui, sempre presente, de mão estendida, à espera de contrariar a nossa própria fragilidade.

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