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Nunca conheci um Papa que vivesse tão dentro do nosso tempo como o Papa Francisco. Ao longo dos anos os Papas fizeram milhares de orações, publicaram milhares de documentos, fizeram milhares de homilias... às quais ninguém ligou patavina. Nem mesmo nós, católicos, que andávamos legitimamente entretidos nas nossas vidas e remetíamos essa parte para o "quando tiver tempo". Desde o século passado que todos eles tiveram a revolução da comunicação social à sua mercê mas preferiram sempre demonizá-la, ou ostracizá-la, ou remetê-la para as coisas supérfluas da sociedade. Todos os Papas do "meu tempo", isto é, do Papa Paulo VI ao actual Papa Francisco - com a óbvia excepção do Papa João Paulo I - foram visionários e operaram verdadeiras revoluções para que eu e os meus filhos possamos viver numa Igreja que, sem retirar a Trindade do centro, recolocou a Humanidade no lugar que Deus tinha escolhido para cada um de nós: perto de Si, ao alcance da Sua intimidade. No entanto, de todos eles, o Papa Francisco é quem usa com maior mestria não apenas a globalização das redes sociais, mas também - eu diria especialmente - a força da imagem. Ao vê-lo, ontem, em oração, pensei que nunca um homem sozinho esteve tão acompanhado. Cada uma das fotos divulgadas une, sem ser necessária qualquer palavra, a figura sozinha mas não solitária do Papa à nossa sensação actual que estamos sozinhos, nas nossas casas, mas não solitários. Arrisco afirmar que, naquela granítica e cinzenta caminhada do Papa, cada um de nós caminhava com ele, imersos nesta Humanidade inteira e atarantada, que ele carregava na sua e nossa fragilidade! Não havia melhor imagem para dar vida as suas palavras: Estamos todos no mesmo barco.... ninguém se salva sozinho.

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