silêncio



Ontem, na catequese, desafiei-os a ver o que tínhamos todos diante do olhar: uma tenda, uma fonte, um cântaro, uma cruz, uma ramo de videira. Lentamente, juntos, partimos à descoberta da quaresma e da páscoa, da dinâmica do provisório, do que somos e fazemos por cá. Acabamos na capela, por entre silêncios e conversas, a falar da vida, dos sacramentos, da morte, da santa unção, mais particularmente.

Por vezes provoco-nos esta espécie de abandono ao silêncio. Que, quando estamos juntos, desemboca inevitavelmente na procura e na descoberta intencional de Deus. Calculo o que se passará naquelas cabeças pensantes quando estamos em silêncio. No início devem fervilhar de testes e matérias, quando não são brincadeiras e parvas partidas pregadas. Mas se der algum tempo, se esperar, se resistir à tentação de abrir a boca, eles acabam por se sintonizar e por querer saber o que de verdade importa saber. E por perguntar. Então aí sim, é quando a catequese acontece, nuns escassos 10 minutos depois de terminar o nosso tempo, que eles roubam ao seu tempo porque querem saber. 

Enquanto olhávamos a tenda, escutávamos a fonte, ao frio, certamente se perguntaram o que faziam ali, se não poderíamos fazer a mesma coisa olhando a partir de dentro, do quentinho, do confortável. Vão sabendo, no entanto, que há coisas que apenas o desconforto físico permite perceber. E que há palavras que apenas ganham sentido quando inauditas, no silêncio do encontro.

A de Deus, por exemplo.

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