Organizo-me de maneira muito diferente da habitual. Não é já a obrigatoriedade que dita as suas regras, mas a vontade. O "ter que fazer" dá o seu lugar ao "dever fazer" e até ao "querer fazer", o que seria impensável há apenas 15 dias. E isto, para mim, que sou um barco com motor fora de bordo, exige um outro tipo de regras pessoais, de exigência interior, inusitada e porventura inaudita. Em circunstâncias normais prefiro ser arrastado a arrastar. Mesmo quando tomo a dianteira faço-o sob um esquema mental que começou na negação e terminou no "tem que ser". Mas essa dianteira responde sempre a estímulos exteriores, sobretudo quando esses estímulos adquirem a forma de confiança em mim e encontram eco no meu omnipresente medo de desiludir. Nada me desafia e desinstala mais que essa expectativa!
Agora é diferente! É como quando fico em casa com gripe. Nas primeiras horas, a felicidade da justificação da doença para pôr o sono em dia supera largamente as dores do corpo e o incómodo da própria gripe. Mais tarde, satisfeito o sono, passada a dor do corpo, o tédio toma o seu lugar ao meu lado, na cama. Ainda por cima há uma verdade insofismável que se repete nestas alturas: a televisão só dá coisas de jeito quando não temos tempo para as ver. E com ele o não saber o que fazer com o tempo.
Cumpre-se amanhã a segunda semana de reclusão. Já arrumei o que tinha que arrumar, já substituí o que tinha que substituir, já limpei, arranjei, fiz, li o que tinha sido adiado para as férias. Agora já não tenho que fazer nada. Agora apenas quero fazer algo. Que ninguém espera, que ninguém pressiona, que o tempo não exige, que a hora não programa.
Vamos a isso!
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Bambora
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