A vida já me ensinou que uma das sensações mais desagradáveis que tenho é quando me vejo na compulsão que defender alguém de quem gosto muito enquanto detesto algo que tenha feito. Isso acontece-me apenas com aquilo ou alguém que me é mesmo muito importante, que amo apesar de tudo, que apesar da imensidão de disparates que comete é para mim uma centelha de Deus. Infelizmente acontece-me muitas vezes relativamente à Igreja. Numa altura como esta é-me completamente incompreensível que se sobrevoe dioceses com o Santíssimo numa mão e a Nossa Senhora de Fátima noutra para se prevenir a doença. Não consigo entender as manifestações de fé que me parecem mais próximas da bruxaria que da fé. Até não consigo entender a preocupação do Papa Francisco com a absolvição global dos cristãos numa altura em que me faria amis sentido falar de esperança que de pecado.
Amar alguém, amar a Igreja, também implica algo deste tipo: amar aquela parte que não compreendo e que preferia que não existisse. Aliás, não faz sentido amar apenas aquilo que corresponde exatamente aos meus desejos, à minha compreensão, ao que cabe dentro dos meus esquemas mentais e emocionais. Porque, por um lado, eu, com a minha percepção, com os meus sentidos e sentimentos, sou a medida de coisa nenhuma. Depois, por outro lado, se amar fosse permitir apenas aquilo que cabe em mim, como poderia ser mais?
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