É antiguinha, a foto. Mas podia não ser. Seria exatamente a mesma coisa. Até poderia ser uma foto de bebés, que não mudaria nada. Ainda há pouco tempo disse à minha mais velha, que é já autónoma, já vive fora de casa - mas nunca fora de nós - que, ainda que tenha 90 anos, será sempre minha filha.
No entanto, não são bebés, os filhos que tenho. São pessoas. De corpo inteiro. Adultos. Com uma extraordinária capacidade de pensar e decidir e fazer escolhas e partilhar e defender as escolhas que fizeram. Não sei se será por terem sido habituados, desde pequenos, a pensar e a escolher. Não sei se será por termos privilegiado o que privilegiamos na sua formação: a educação, a consciência, a pertença, a abertura aos outros, o transcendente. Naturalmente, não gostamos de todas as suas decisões, de todas as suas escolhas, de todas as suas atitudes. Naturalmente, continuamos a discutir, abertamente, o que somos e o que fazemos. E a dizer quando não gostamos. E a aceitar quando não gostamos. E a apoiar, apesar de não gostarmos.
Não é raro descobrir nos meus filhos uma maturidade que por vezes me falta. Sempre que isso acontece, sinto o maior dos orgulhos no imenso que eles são. Apesar de mim.

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