Ainda acho incrível quando descubro - e carrego comigo esta ifantilidade de descobrir a mesma coisa como se fosse sempre a primeira vez - que algumas das pseudosabedorias que deito pela boca fora me seriam preciosas se tivesse a clarividência de as aplicar em mim próprio. É como se eu primasse por dar aos outros os conselhos de que mais preciso... e aos quais permaneço surdo.
Aquela gasta máxima de olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço aplica-se a mim como uma luva. Como se o que sai de mim, dito ou escrito, saísse verdadeiramente de outra pessoa que não eu. Um alter ego, ou um grilinho falante que me soprasse as coisas ao ouvido.
Não me orgulho nada desta permanente incongruência, que me trouxe desde sempre mais problemas que soluções. A autenticidade do que vou sendo em cada um desses contraditórios momentos serve-me de fraco consolo, na realidade. O que sou, apenas me serve se o for também para os outros, e isso quase sempre é uma tarefa que não consigo desempenhar tão bem quanto necessitaria... e muito menos do que gostaria.
Esta é uma guerra antiga, com batalhas ganhas e perdidas, mas que sobretudo acarreta algum sofrimento e muito cansaço. Volta e meia desisto dela. Rendo-me a mim próprio, ao cansaço e ao desgosto, entrego as armas, e o que mais me apetece é ir para uma ilha deserta onde apenas eu e os meus eus contem, numa tentativa de vivermos em paz. Depois, algo ou alguém me acorda. E tudo recomeça. Do princípio. Ou como se fosse do princípio, porque a vida tem apenas um princípio, tudo o mais são recomeços. Com história(s). Com mágoa(s). Com esperança(s).

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