Disseram-me, recentemente, que não sei ser amado. Provavelmente, será uma das minhas maiores verdades. O normal em mim é sentir-me mais vezes resgatado que amado. Mesmo nas maiores de amor que as pessoas na minha vida me vão proporcionando, o que fica, quase sempre, é gratidão. Por me irem buscar ao fundo do poço, por me fazerem voltar a ver a luz, por impedirem de permanecer na escuridão.
Ontem, numa das minhas bocas de mim próprio mais comummente utilizadas, disse que era um rafeiro. De imediato me assaltaram memórias de conversas de cães e de personalidades e de desmontagens e desmistificações que me acompanharam quase a vida toda. Não sei se alguma vez conseguirei resolver essa amálgama de memórias, de convicções, de fantasias, de discursos interiores que eu constantemente invento para conseguir encaixar em qualquer coisa. Mesmo nos meus momentos de serenidade interior, esse discurso dificilmente dura mais que quinze dias e lá tenho eu que voltar ao princípio, aos questionamentos, aos espelhos, ao desvio do olhar e à construção de um outro olhar que me seja mais suportável.
Não sei se, na verdade, alguma vez saberei ser amado. Se calhar isso acontecerá quando eu conseguir ter um outro olhar, mais claro, mais límpido, sobre mim. Numa outra vida!

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