Tenho um fraquinho forte por pessoas. Principalmente malta nova. Principalmente aqueles cujo potencial permanece escondido sob várias camadas de timidez, falta de amor próprio, de conhecimento de si. Poder participar no seu desvelamento é um privilégio apenas comparável à tremenda responsabilidade que acarreta.

Na nossa caminhada nunca sabemos bem o que nos marca indelevelmente. Por vezes acreditamos que são os momentos grandes, as grandes obras, os grandes filmes, as grandes conversas, mas surpreendo-me a recordar qualquer coisa de uma qualquer BD das dúzias que li em miúdo, uma qualquer conversa com alguém que chegou e seguiu mas que disse algo que na altura até passou despercebido, uma fala qualquer de um filme de terceira categoria que, de tão banal, encontra na vida vivida muitas oportunidades para se manifestar. São frases, pensamentos, letras de música que de repente fazem sentido e dão sentido quando mais precisamos. Talvez por isso, raramente me inibo de dizer algo que me parece apropriado, ainda que aparentemente seja levado pelo vento. Talvez, num qualquer dia, numa qualquer circunstância, o que foi dito possa ser de alguma forma útil e ajude a dar sentido ao que carece de sentido.

Acredito que todos somos mestres e aprendizes, uns mais que outros, é certo, porventura mais uma altura que noutras, mas todos temos, consciente ou inconscientemente, algo a ensinar e muito a aprender. Qualquer que seja a fase da nossa vida, qualquer que seja a fase da vida daqueles com quem nos cruzamos todos os dias, há neste intercâmbio de sabedorias um encanto que me é sempre sedutor... e comovente.

Ultimamente tenho sido eu o desvelado. Por alguém sábio, muito mais sábio que eu, que concilia dedicação, atenção e abnegação com uma mestria apenas ao alcance de quem ama. E ama muito! Confesso que nestas alturas me sinto particularmente abençoado por Deus. Porque, tal como dizia ontem aos meus miúdos da catequese, Ele nos ama o suficiente para colocar no nosso caminho, quando mais precisamos, alguém que nos faz sentir que (ainda) valemos a pena.

E ainda há quem não acredite em anjos da guarda!

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