Raramente é bom sinal não conseguir escrever. Sento-me e começo, por meia dúzia de vezes, apago e levanto-me outras tantas. Por mais que tente, por mais que queira, as palavras atabalhoam-se como se se tivessem lançado todas, de cabeça, para um funil e aí permanecessem, desordenadamente, aos magotes, à espera do rumo que eu ainda lhes não consigo dar.

E não é apenas aqui, no blogue, que isso acontece. Mesmo quando pego na caneta e começo a tentar traçar o esquema que me foi indicado por sabedoria amiga, dificilmente paço da primeira meia dúzia de rabiscos. A uma questão sobrepõem-se logo outras que exigem respostas e que permaneciam adormecidas há bastante tempo. E, novidade das novidades, começo a ter a perceção que tempo é algo que se me começa a escapar por entre os dedos.

Ontem, na homilia, a minha cabeça anda à volta de tudo isto. Da vontade de me serenar, da necessidade de me serenar, da imperatividade de me serenar interiormente para que possa traçar rumos. Tento escutar a Palavra, sempre que me (des)encontro assim, que é, a par com aqueles que me amam, a fonte onde tento saciar a minha sede. Comparo o que escuto com o que sinto e tento aferir se porventura estarei em (des)sintonia e concluo, não raras vezes, que porventura terei que voltar (des)focar sob pena de continuar sem ver, e não conseguir (des)construir. São muitos "des", para o meu gosto, porque implicam "res" numa altura em que me via mais a gozar louros do que foi sendo alcançado.

Questiono-me se não será essa, no entanto, a minha essência. Afinal, enquanto houver "res" na minha vida, pelo menos sinto-me vivo.

E a sonhar o futuro.

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