Hoje, em plena discussão, como que apaguei. Desliguei. Fui. Às tantas, não ouvia tanto a pessoa com quem discutia, nem o que era discutido, mas apenas pensava o futuro.
Não podemos viver agarrados ao passado. Eu, que gosto tanto de história, que me assusto com esta tendência atual de se hipervalorizar a técnica à custa da memória, tenho do passado uma leitura funcional. Saber quem fomos em cada altura, o que fizemos e porque o fizemos, é fundamental para prepararmos o futuro, não para viver em eterna saudade. Agarrar-me às dores de ser magoado apenas se entende enquanto processo de defesa pessoal, num instinto que terá que ser ultrapassado logo que passe o perigo. Doutra forma viveremos sempre assustados, recalcados e amargos.
Numa qualquer relação - amorosa, profissional, de amizade - o passado servirá apenas enquanto projeção do futuro, para ajuste de expectativas que, com sorte, serão sempre ultrapassadas. Quando o utilizamos como condicionante desse futuro, não estamos a ser justos com ninguém. Quando não deixamos que a realidade desminta o passado, estamos a amarrar-nos, a tornarmo-nos mais pequenos, estamos a contribuir para a definhação desse projeto de futuro que é sempre o nós.

Recordo o início do meu segundo ano. Chegava aqui e todos me desejam um bom ano. Eu estranhava porque o meu calendário era ainda o civil. Hoje, enquanto isso acontecia, pensava na sorte que temos, todos, aqui. Cada princípio de ano é isso mesmo, um princípio. E isso enche-me de futuro!
Um bom ano!

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