Foi muito isto, o que fomos conversando enquanto os nossos pés galgavam metros. Os nossos pés, sim, que a nossa alma, a determinada altura, não estava já bem ali mas algures, onde aprendemos - experienciando! como é essa coisa de ser feliz. E esta era uma casa para a qual não entrávamos sem convite há já algum tempo.
Quando duas pessoas se encontram, na intimidade mais profunda do que cada uma é, deixa-se de pedir licença. Entramos, descalçamo-mos, pomo-nos à vontade, instalamo-nos o mais confortavelmente possível, e desatamos a conversar de coisa nenhuma. O que trocamos não são as informações de circunstância, mas o "como é que estás" ou o "o que é feito de ti" exige mais, muito mais, que uma mera resposta circunstancial. Entre quem se ama não existe a conversa de chacha. Existe falar de coisa nenhuma, daquilo que nos vem à cabeça sem a preocupação de se filtrar, de escolher as palavras, porque sabemos que estamos em segurança e podemos dizer o maior dos disparates, que o amor se encarregará de aplicar a justa medida. É esta a maior intimidade, a que está reservada apenas a uma meia dúzia, porque é aquela que mais nos expõe, que mais nos fragiliza, que mais nos coloca no colo de quem está interiormente disposto para nos acolher.
Tal como somos.
Sem subterfúgios.
Sem limites.
Sem joguinhos.
Sem máscaras.

É bom, é muito bom, regressar a uma casa que sempre foi nossa!

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