Numa qualquer relação, ter o eu como ponto de partida, é errado. A não ser que sirva para me colocar em questão. Qualquer outra maneira é o caminho mais curto para a desgraça.

Hoje acordei centrado em mim. Durante mais de uma hora andei-me às voltas e aos tropeções comigo mesmo. É incrível como não consigo sair do sítio quando isso me acontece. O mesmo pensamento, o mesmo raciocínio, a mesma linha de reflexão, tenta abrir caminho em mim até fazer sentido, mesmo que raramente o consiga. É um raciocínio pobre, fechado, limitativo, autorreferencial, mas incrivelmente poderoso, ditatorial: eu penso aquilo, eu sinto aquilo, eu baseio-me naquilo, e dali não saio. Invariavelmente, fico convencido que tenho toda a razão do mundo, que tudo e todos estão contra mim e sinto-me incompreendido e injustiçado e profundamente infeliz.

Hoje acordei assim.

E depois levantei-me, fui buscar o pão - como faço sempre ao Domingo - preparei o pequeno almoço, acordei-os, sentamo-nos à mesa, e tudo passou. Conversamos e rimos, programamos o dia e a semana, preparamo-nos para a eucaristia, e tudo passou.

Admiro sempre quem consegue viver sozinho e ser uma pessoa em condições. Eu, quando fico apenas comigo, sou mesmo má pessoa.

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