Dizia-me alguém que não me conhece muito bem, ontem, a propósito de algo que tenho feito, que é preciso amar muito para o fazer. Eu devo ter posto a minha cara de parvo porque a pessoa em questão sentiu logo necessidade de trocar aquilo por miúdos. Nada que me aconteça algumas vezes. Como quando me dizem que deve ser muito difícil ter muitos filhos. Há coisas nas quais nunca penso. Deixo que fluam, que aconteçam, deixo-me levar ou pelo impulso, ou pelas batidas aceleradas, ou pela loucura - pode muito ser uma brisa do mar - e atiro-me de cabeça. Para muitos isto é uma estupidez pegada. Como posso embarcar numa coisa sem pesar riscos em consequências? E eu, quando me dizem isso, concordo sempre. A frio. Porque pouco depois, no calor da coisa, deixo-me novamente embalar com um sorriso nos lábios e o coração apertadinho. Cheio de pica, cheio de vontade, cheio de alegria por poder participar ou fazer alguma coisa que realmente valha a pena. Ainda agora, no Caminho, enquanto percorria os primeiros metros dizia sempre mal da minha vida. Que estou velhote para estas coisas, que já devia ter juízo, que não devia ter colocado tantas coisas na mochila, que nunca mais aprendo... e depois, aquecidos os músculos e encaixada a mochila como uma nova extensão de mim, lá estava eu, feliz da vida, a vibrar com aquela malta nova e capaz de fazer mais meia dúzia de quilómetros, e mortinho por recomeçar qualquer outra coisa deste género.
É... coerência nunca foi o meu forte. Paciência!

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