Há reencontros que não têm razão de ser, porque nunca o foram. Porque há pessoas que nunca deixamos, que nunca nos permitem saber o que é ser deixado, e por isso nos habitam e deixam que habitemos nelas. É algo que raramente acontece e que dá a sensação que se deve a uma qualquer confluência cósmica que permite que esse inusitado encontro se dê no mais íntimo de duas pessoas que apenas aparentemente não têm nada em comum. Assim uma coisa como o alinhamento dos astros ou um luar que apenas pode ser testemunhado - e revivido ad eternum! - a dois num qualquer terraço. Ás tantas descobre-se uma linguagem própria feita de olhares e silêncios e cumplicidades e sintonias quase perfeitas, feitos numa existência paralela para a qual tudo o resto é paisagem e nada mais importa.
Recordo muitas vezes estas sintonias mais-que-perfeitas que, raras vezes, vão acontecendo na minha vida. Costumam ser fugazes, encerradas num tempo e circunstâncias próprias: uma música especial aliada a uma descoberta numa tarde chuvosa a caminho de Taizé; uma longa e saborosa conversa sobre as possibilidades de amar; uma mesa onde a partilha substitui a parca qualidade do alimento... mas também as há duradoiras, constantemente revisitadas, constantemente reatadas e revigoradas a cada passo, a cada cumplicidade.
Dizia, ontem, que tenho dificuldade em entender quem nos tenta enclausurar num só. Sempre me pareceu muito pouco, demasiado escasso face à imensidão que me habita. E dos que teimam em me habitar.

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