20140513
Perguntam-me algumas vezes se o facto de trabalharmos juntos não é um entrave para o nosso casamento. Particularmente por causa do Centro onde, desde há um ano para cá, a minha-mais.que-tudo é a minha coordenadora, a minha chefe, e isso faz confusão a muita gente. Respondo que não, claro. Para começar, eu fui um dos que a indicou para chefe: reconheço nela capacidades evidentíssimas de desempenhar essa função, bem melhores que aquelas que eu próprio tenho. Depois, eu sempre fui muito melhor como número dois que como número um. Adoro a fase de discussão das ideias, de apresentação de projetos, de procura de alternativas, a confusão ordenada do brainstorming que está na origem do que fazemos. Mas depois, passada fase da discussão, sou muito melhor a fazer que a coordenar. Como disse alguém que também tem a função de me coordenar num outro lugar, eu confio em demasia nas pessoas, sou demasiado otimista em relação àqueles que comigo fazem coisas e tenho dificuldade em avalia-los com justiça. O que eu subscrevo inteiramente. E trabalharmos juntos, na nossa situação atual, é uma bênção. O que fazemos é tão absorvente, tão exigente, ocupa tanto de nós, que o facto de o fazermos juntos, de irmos e virmos juntos todos os dias, de, sempre que podemos, almoçarmos juntos, é uma oportunidade de namorarmos, de conversarmos, de nos reinventarmos constantemente, e, com isso, fortalecermos o nosso casamento.
Ontem, no nosso jantar a dois, num fim de tarde maravilhoso, naquela foz do douro que é, para mim, um dos lugares mais belos do mundo, falávamos justamente de como gostamos de conversar um com o outro. De como é para nós evidente que todos os problemas que tivemos ao longo do nosso casamento aconteceram justamente quando não conseguimos conversar, quando nos surpreendemos afastados pela vida, pelo trabalho, pelos filhos até, e de como esses problemas foram invariavelmente resolvidos com uma longa conversa que nos permitiu redescobrir o quanto nos amamos, o quanto nos admiramos, o quanto desejamos continuar a partilhar a nossa vida. Uma redescoberta que o tempo, ao invés de atenuar, tem fortalecido de uma maneira incrível.
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