O próximo numero do Poço é sobre a santidade. Artigo de fundo: Zé. Ri-me logo: só pode ser ironia!. Desde que me lembro que contesto os processo de santidade do Vaticano. Tive a sorte de conhecer algumas pessoas que, aos olhos do Deus que eu amo e me ama, não duvido que sejam santas e estejam, nesta altura, sentadas junto do Pai. Não precisaram nunca de processos de canonização, de estudos teológicos caríssimos, de descobertas de milagres que a ciência não consiga explicar. Aliás, todas elas, se alguma vez, em vida, lhes tivesse sido proposto algo desse género, tinham caído para o lado de susto. Em primeiro lugar porque não era essa. de todo, a imagem que tinham delas próprias, mas a oposta, a de simples e pecadores que precisavam mais do perdão do Pai que dos altares. Depois, porque todos eles se sentiam, invariavelmente, pequenos. Aos olhos de Deus mas também aos olhos dos homens. eram formiguinhas, trabalhadoras, preocupadas, sempre atentas, para que nada do que pudessem fazer ou dizer deixasse de ser feito ou dito. Não tinham nem a vontade, nem o feitio para os grandes gestos, daqueles que espantam o mundo. Mas estavam sempre lá, presentes, discretos, como quem não quer a coisa, sempre que eu precisava deles. Ainda que eu próprio não soubesse que precisava deles.
Meti-me então numa camisa de sete varas. Como hei de eu escrever sobre dois papas que foram santificados, ainda por cima quando nunca morri de amores por um deles? como hei de eu colocar no papel aquilo que os distingue enquanto cristãos e que justifique que eles possam estar em cima de um altar (raio de sítio para s estar, convenhamos!). Como sempre, irei ler, pesquisar, estudar, tentar descortinar nas suas vidas não as maravilhas que publicamente maravilharam o mundo, mas as minudências que me encantam. Tentarei, no fundo, descobrir neles as pessoas que existiam, tentando desnudá-los de toda a ostentação, encontrando a sua humanidade.
Aliás, é isso, justamente isso, o que tento fazer com todos aqueles com quem me cruzo.

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