Confesso que já o esperava há muito tempo! E finalmente chegou! O "ele agora não nos liga nenhuma, já não escreve nada nem quer saber de nós" estava-me destinado. Merecidamente, claro, que a boca que o proferiu não é de deitar palavras à rua. Eu sorri, tentei uma justificação trapalhona, como todas as minhas justificações, mas sabíamos todos que tinha sido certeiro. E merecido.
A questão é que eu preciso de muito para publicar o que escrevo. Não aqui, onde nada me obriga nem me impele a não ser esta necessidade de botar carateres, muitas vezes à toa. Mas num qualquer outro sítio, num qualquer outro blogue, numa qualquer outra plataforma que, de certa forma, vincule outros que não eu, aí a coisa pia mais fino. E a verdade é que não tenho conseguido ter disponibilidade mental nem para ver nem para escrever coisas que valham a pena serem lidas.
Logo após ter escutado a boca, deu-me uma enorme saudade do belo. Não era nada normal em mim isto acontecer. Se calhar porque se limitava a acontecer, naturalmente, sem que me desse conta. Agora é que, entre relatórios e reuniões e ensaios, e avaliações de desempenho, não me tem sobrado muita cabeça para o belo. E às tantas sento-me a escrever e o que sai é nada. E o que está para sair é "hoje tenho isto, depois tenho que fazer aquilo, ah, não me posso esquecer do email, e quando é que tenho ensaio, mesmo?" e aponto isso tudo no caderninho e depois descubro que o tempo passou e tem que ficar para a próxima.
Estou outra vez a precisar do belo. E tenho de arranjar forma de o reencontrar na minha rotina.

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