Uma das minhas características que tradicionalmente mais problemas me trazem é a forma como eu discuto as minhas ideias. Facilmente me deixo envolver pelo calor da discussão e, diz quem me ouve, que o meu tom de voz por vezes se torna demasiado agressivo. Raramente tenho outra intenção que não seja discutir as ideias pelas ideias. Gosto muito do calor de uma boa refrega, gosto muito de quem tem a capacidade de me colocar em causa - o que, em alguns assuntos, não é fácil - e, invariavelmente, respeito quem tem a capacidade de argumentar racionalmente os seus pontos de vista, por muito díspares que sejam dos meus. Como já referi por aqui algumas vezes, o que não posso é com o encolher de ombros, o tanto se me dá, que se vai tornando cada vez mais normal.

Ontem, dia de eleições, só podia dar discussão política lá em casa. Calorosa, como qualquer discussão. No final, disse à minha filha que gosta de politica como eu, que tenho um imenso orgulho quando confirmo que os meus filhos têm capacidade de argumentação e conseguem ombrear comigo nestas discussões. Se há coisa que sempre me preocupou como pai foi em ter filhos que tivessem capacidade para pensar, que se soubessem posicionar na vida, que assumissem batalhas sem medo de dar o corpo às balas por aquilo em que acreditam. Por vezes não é fácil, porque por vezes acreditam naquilo que eu preferia que não acreditassem, mas mesmo essas alturas são um bom motivo para apresentarmos os nossos argumentos e escutarmos - por entre as vozes alteradas - os argumentos alheios. Em boa verdade, gostaria que as coisas acontecessem num outro tom, mais calmo, quiçá mais civilizado. Mas eu discuto como vivo: com tudo o que tenho e sou. E muitas vezes sou mal entendido por causa disso.

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