Há quanto tempo não te faço eu uma oração
Há quanto tempo não disponho do tempo
e da serenidade
para me encontrar contigo
Há quanto tempo não pego no teu tempo
- que eu penso sempre ser o meu tempo! -
para to restituir, livremente,
calmamente,
como quem pega numa cadeira e se senta à sombra moçambicana e deixa o olhar fluir
como quem pega num terraço
e lhe junta a lua
e deixa a noite fluir
Há quanto tempo não me encontro connosco
não converso connosco
não repouso o olhar em ti
e em mim
para interromper esta sensação de sofreguidão
que eu tanto detesto mas que me vicia, que me impele a prosseguir, que me faz correr, meio sonâmbulo, sem sequer me aperceber como deve ser da vida que passa por mim
e em mim
e de mim
e até mim
Há quanto tempo não me sento e
junto de ti
e em ti
te digo: ok. Chuta.
e me deixo estar, de olhos bem fechados
a escutar os carros que passam lá fora
a as crianças que brincam nos corredores
os sons e os sinais que são vida
que testemunham vida
e me descubro a dar-te graças pela vida
pela correria
pela sofreguidão com que vivo

Sinto a falta desse tempo
no entanto acredito
- quero acreditar? -
que a correria, a sofreguidão, o sonambulismo, esta sensação de estar a correr contra o tempo,
tem o teu nome
tem o teu sorriso
tem o teu apelo
no entanto acredito
- quero acreditar? -
que é por ti
e em ti
e em mim
e nos outros
que eu corro.

bom dia, pai

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