"Se pudesses resumir a tua mensagem, qual seria?" (Jesus, CEO)

Esta interpelação tem-me vindo a incomodar nos últimos dias. Mais que aquilo que digo - que é  habitualmente muito volátil, depende dos ventos, dos humores e das companhias - qual é a mensagem que as minhas atitudes transmitem? Ou, postas as coisas de outra forma, o que pensam de mim quando se cruzam comigo?

Eu sei perfeitamente o que gostaria de transmitir. E até sei - porque é importante sabe-lo, sem falsas modéstias (e eu nem sou uma coisa nem outra) - que tenho alturas felizes em que aquilo que sou coincide com o que quero ser, como se de um reflexo se tratasse. Mas também sei que são mais as vezes em que não sou mais que uma pálida imagem daquilo que sou chamado a ser.

À medida que vou amadurecendo sinto que aquilo que possam pensar de mim vai perdendo peso. Não entendo que sou dono e senhor de todas as razões - nem sequer das minhas - ou que sou o único a marchar com o passo certo. Mas creio que fui aprendendo a encaixar-me dentro de mim. Conheço os percursos das minhas dúvidas e certezas, aprendi a descobrir e a aceitar as minhas próprias fragilidades, e consigo compreender que por vezes aquilo que transmito - consciente ou inconscientemente - não é ainda a versão final de coisa nenhuma porque estou ainda a caminho.

Esta sensação de estar a caminho vai também fazendo cada vez mais sentido. Confesso que admiro muito aquelas pessoas com raízes muito profundas, cheias de sólidas convicções, que permanecem indiferentes às tempestades da vida. Admiro-as tanto que, durante muitos anos, travei batalhas imensas comigo próprio para conseguir ser assim. Em vão! As minhas convicções profundas têm apenas três raízes - a minha fé, os meus mais-que-tudo e os meus amigos - e tudo o resto é alvo de procura constante, de mudança constante, de afinação constante. Levei muito tempo até conseguir descobrir nisto algo de positivo, algo que pudesse aproveitar para, de alguma forma, conseguir chegar aos outros. A vida foi-me ensinando que não serei nunca uma rocha, como tanto gostaria, à qual os outros se agarram nos momentos de aflição, mas que talvez, se tiver sorte e sabedoria, possa ser árvore. Permeável aos humores das estações do ano, ora vai dando sombra nos dias de calor, ora aproveita o vento para semear, e encontra até utilidade quando os seus ramos secam: sempre dá para aquecer alguém.

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