É grande a expectativa, hoje. Curiosamente, bem maior do que seria se se tratasse da eleição do Presidente da República ou do Primeiro Ministro. Sinal de um tempo de profunda descrença nas coisas dos homens e cada vez maior confiança nas coisas de Deus.

Vou-me apercebendo que o processo que agora se inicia é muito importante para mim. Não é apenas um dirigente que é escolhido, mas, como dizia o meu pároco na Eucaristia de Domingo, é da nossa vida que se trata, porque a Igreja é a nossa vida. Nessa altura olhei para a assembleia - porque dirijo o coral estou muitas vezes voltado para a assembleia - e vi lá sentados os que me são mais queridos. A Isabel e a Rita lá estavam com o seu grupo de catequese, a Catarina, a Ju e o Ica comigo, a cantar e a tocar, o João dois lugares acima, junto do seu próprio grupo de catequese. Estávamos todos lá, naquela altura, assim como noutra igreja estiveram os meus pais e os meus irmãos, assim como a minha sogra e os tios estiveram naquela mesma no dia anterior, bem como os meus cunhados e os filhos deles estiveram na sua, neste ou noutro dia  do fim de semana, neste ou noutro país.

A Igreja não é, para nós, ponto de passagem. Nunca o foi. Foi na Igreja que conheci a Isabel, foi lá que fiz os meus primeiros amigos a sério, foi a partir de lá que eu próprio comecei a ser gente. Foi lá que casei, naquele que foi o mais decisivo passo da minha vida porque me abriu a porta para a felicidade. Exceptuando aquela meia dúzia de anos em que os meus filhos eram muito pequenos e nos ocupavam todo o tempo do mundo, nunca deixamos de ter um papel activo na nossa fé: catequese, grupos de jovens, grupos corais, pastoral familiar, pastoral social, escuteiros, em tudo nos envolvemos todos, como família, como comunidade. Em tudo estamos todos envolvidos, o que transforma o nosso fim de semana numa autêntica mas plena de vida confusão. Nós até nem somos muito de rezar em família. Fazemo-lo nas nossas refeições, nas ocasiões especiais, como o Natal e a Páscoa, seguindo as orientações do nosso pároco para nos sentirmos ainda mais comunidade. Mas nunca tivemos vida - nem vontade - de rezarmos o terço todos os dias - como tantos nos aconselhavam - nem, acabado o percurso catequético, forçamos os nossos filhos a participar no que quer que seja. Mas também nunca lhes pedimos para podermos participar porque sempre entendemos que o nosso melhor testemunho seria o nosso próprio envolvimento. Na Igreja como na vida, aliás. Gosto de acreditar que é também por isso que todos os meus filhos, apesar das faculdades, apesar de lutarem pelas boas notas e de terem actividades extras, apesar de serem pessoas deste tempo e gostarem de um bom forrobodó, ainda descobrem tempo para os outros.

Acredito que ser Igreja passa muito por aqui, por sermos para os outros. É por isso que é grande a expectativa. Peço a Deus que o escolhido nos deixe ser para os outros. Só isso já seria uma enorme Graça. Até porque não tem acontecido assim tantas vezes.

Comentários

Mensagens populares deste blogue