Quando digo que gosto de envelhecer olham-me de lado. Numa cultura que endeusa o novo, o eternamente novo, bonito e saudável, de sorriso estúpido na boca, nem que seja à custa de toneladas de silicone, próteses dentárias e fortunas que colocariam um país africano no Primeiro Mundo, gostar de ficar velho soa a imperdoável anacronismo.
Paciência!
Uma das coisas boas da passagem do tempo é justamente a de nos podermos dar ao luxo de sermos quem somos. Podermos dizer o que nos vai na alma tendo apenas o cuidado de não magoar aqueles de quem gostamos mas com o desassombro de quem vai sabendo o que quer graças às escolhas que se foi fazendo ao longo da vida.
Este desassombro - que por vezes é pelos outros tido como "cara de pau", "granda lata" ou "convencido como o caraças". Paciência! - é o que me permite dizer por exemplo que me sinto muito feliz quando sinto que faço alguém feliz, que contribuo de alguma forma para que o dia de alguém seja mais sorridente, ou para que um qualquer problema seja ultrapassado. Pode parecer meio totó - paciência! - mas sinto nessas alturas que, se quiser, se estiver atento, e, sobretudo, se não me armar aos cágados - o que também por vezes acontece - posso ser um bocado da face e das mãos de Deus para os outros.
E isso deixa-me verdadeiramente feliz.

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