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Acabei de ler, referindo-se a alguém, que era um bom cristão. Eu não sei o que é ser um bom cristão. Ou melhor, eu sei o que é querer ser bom cristão, agora, ser bom cristão... Pegando no exemplo de alguém que me interroga muitas vezes, judas, eu tenho uma série de questões que ainda não se silenciaram porque ainda não se viram resolvidas. Eu acho que judas era efetivamente um homem de bem. Seguia Jesus, admirava Jesus, e provavelmente quando O entregou julgou estar a fazer o melhor. Ao ponto de se ter suicidado por não conseguir lidar com a vergonha que os seus atos originaram. Era uma pessoa má porque tomou uma decisão má? Não sei! Não sei mesmo. Assim como não sei o que levou os dois ladrões a serem crucificados com Jesus. Sei que para Ele isso não foi importante, apenas a vontade de um deles em acreditar e, esgotado o tempo de o poder fazer cá por baixo, de O seguir no que se seguiria. Para Jesus apenas isso contou.
Na verdade, isto complica bastante o esquema. É-nos instintivamente mais natural e confortável a etiquetagem. Saber de antemão se alguém é bom ou mau permite-nos uma maior (ilusória) segurança, um mais apropriado posicionamento de barreiras para não sermos "tomados por lorpas", como a minha sogra diz. Mas isso é muito limitativo, conduz a erros, leva a não conseguir apreciar as coisas como elas são mas a fazê-lo de acordo com as nossas pre-conceitos. É um sistema mais preguiçoso, e mais perigoso, porque nos afasta mais rapidamente daquilo que é a verdade. E a justiça.

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