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Lentamente, os dias vão voltando a ser dias. Na normalidade possível, na nova normalidade, como agora se diz, o ritmo vai regressando às manhãs, tomando conta do acordar. Hoje a VCI tinha já o movimento parecido ao do tempo de férias escolares: em fila mas sem paragens. Há mais gente nas ruas, mais gente nos transportes e, não fora o uso generalizado de máscaras, dir-se-ia que estávamos num qualquer dia de julho ou agosto. Não estamos. É maio, mesmo. Mas creio que, ao fim de quase três meses de vida esquisita, ansiamos todos pela normalidade. 

Ainda ontem, quando, pela primeira vez nos últimos três meses, passeávamos no Parque da Cidade, víamos alguns dos nossos alunos a fazer parte da imensa multidão que mandava o confinamento às malvas e se agrupava para conviver. E a Isabel dizia que haverá muita gente que preferirá viver neste regime, onde há mais tempo e menor tensão. Há uma notória dicotomia em todos nós. Por um lado, parecemos drogados viciados, adictos em trabalho, em rotinas, em pressas, em agendas sobrecarregadas. Por outro lado, aproveitamos o confinamento obrigatório para nos ressituarmos enquanto pessoas, enquanto famílias, enquanto relações. Não me parece que o virtual possa alguma vez substituir o presencial. Por muito cómodo que seja viver sem pressa e sem trânsito, não me parece que possa ser por aí. O virtual não tem sentimento, não permite o contágio das emoções, senão de uma maneira muito artificial e fugaz. E nós podemos conviver algum tempo sem a profundidade do sentir, mas, a determinada altura, isso torna-se inevitavelmente tão imprescindível como respirar.

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