Qualquer pessoa que use a net para mais que ir cuscando no Facebook olha para esta foto e bem-lhe um nome à cabeça: Banksy. Claro que não deve ser dele - não se consta que tenha estado por cá - mas tudo se inspira na sua forma de grafitar: a acutilância da imagem, as palavras de ação, a mensagem. Aliás, se as palavras fossem inglesas aposto que todos diriam que era dele.

Curiosamente, a primeira coisa que me veio à cabeça quando a vi foi o Novo Testamento.
Confuso?
Passo a explicar.

No último livro do José Rodrigues dos Santos ele afirmava que alguns dos textos do Novo Testamento eram uma fraude pois os seus autores eram outros que não aqueles que referiam. Ou seja, textos de São Pedro, São João ou São Paulo, afinal não teriam sido escritos pelo seu punho mas por outros, ainda que inspirados por estes apóstolos. Para José Rodrigues dos Santos estes textos, apesar de "copiarem" o estilo, as palavras, a filosofia daqueles que referia, eram - reafirmo-o porque ele fá-lo constantemente - uma fraude.

Voltemos à foto acima. Apesar de não ser do Banksy não me parece que seja uma fraude, nem que a sua mensagem seja menos poderosa por causa disso. Se, por absurdo, daqui por trinta anos alguém a visse e conhecesse o Banksy, se, por absurdo, não dispusesse desta poderosíssima ferramenta que é a internet, que lhe poderia tirar a dúvida e se, mais uma vez por absurdo, se entretivesse a colecionar, a estudar ou a catalogar grafites como forma de perceber melhor a realidade contemporânea, não seria descabido se catalogasse este grafite como sendo Segundo Banksy. O que não faria nem de Banksy nem do seu verdadeiro autor artistas fraudulentos.

E, sobretudo, não tornaria o grafite menos verdadeiro.

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