Na semana passada tive o verdadeiro privilégio de acompanhar alguns alunos numa visita de estudo a Lisboa. Eu gosto de Lisboa, particularmente daquela zona de Belém, numa manhã verdadeiramente gelada e cheia de luz, de gente bonita a correr ou a caminhar, de vendedores de castanhas e prenha de História. No primeiro dia assistimos a um excelente Auto da Barca nos Jerónimos, fomos ao CCB ver o Berardo e acabamos no excelente ( e para mim perfeitamente desconhecido) Museu da Eletricidade. A peça foi brilhantemente interpretada e em todas as visitas fomos impecavelmente conduzidos por pessoas (miúdos) com uma competência e entusiasmo notáveis.

Apesar de a visita ter sido muito proveitosa para os nossos alunos tenho a certeza que o foi bem mais para mim. Dei comigo a pensar como nos é fácil identificar o pais com o que vou vendo e lendo na comunicação social. E de como por vezes me esqueço que a vida vivida vai muito para além disso. A visita de um qualquer museu ou espaço lúdico-pedagógico minimamente cuidado está nesta altura a léguas do que estava no meu tempo de estudante. Hoje não temos velhinhos reformados mal humorados para quem as visitas são um incómodo, que se arrastam a resmungar baixinho e que nada explicam do que nos é dado a observar. Hoje temos jovens muitíssimo bem preparados, que falam com verdadeira paixão e um entusiasmo contagiante que fazem com que o tempo voe. Hoje temos profissionais de teatro que, com meia dúzia de adereços banais, nos transportam para cenas de época, nos fazem rir e entusiasmar. E tudo acontece ali, no meio de nós, sem palco ou distância de segurança.

Quando vinha da visita de estudo - cansado e com sono, que esta malta nova usa pilhas Duracell - pensava em como temos ainda muitos motivos para acreditarmos neste país. Para além das catástrofes todos os dias anunciadas, para além dos desastres financeiros todos os dias anunciados, para além dos golpes desavergonhados todos os dias denunciados temos afinal muita malta nova muitíssimo competente, muitíssimo bem preparada e de altíssima qualidade. Tenhamos nós a capacidade de apostar neles, tenham eles a capacidade de não desistir de nós e teremos todos bons motivos para confiar no futuro.

Assim seja!

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