Sempre que posso, digo que aquilo que verdadeiramente nos separa são as nossas escolhas. Sei que são influenciadas, ela nossa educação, pelo nosso meio e até pelos nossos genes. Mas acredito que somos suficientemente livres para decidir por onde queremos ir e que isso é o que verdadeiramente nos distingue uns dos outros. E que isso nem sequer nos momentos especiais da nossa vida mas, pelo contrário, nas coisas pequenas, naquelas pequenas decisões que tomamos todos os dias a qualquer momento.

Para quem tem o privilégio de ter filhos - como eu - e filhos que pensam - como os meus - é muito interessante  (às vezes gratificante, outras terrivelmente desesperante) poder assistir à forma como vão decidindo a sua vida, como vão efetuando as suas escolhas, como vão descobrindo e fazendo o seu caminho. Nestas alturas, apesar das suas escassas certezas, tento interferir o menos possível. Acredito que aquilo que eu poderia fazer enquanto "moldador" (no sentido em que Deus nos moldou: com carinho, com cuidado... com amor) já está, em grande parte, feito: eles têm já os valores devidamente incorporados, têm já a capacidade de analisar a realidade que têm diante dos olhos, e compete-me agora estar atento e, fundamentalmente, disponível. Para conversar, para corrigir, para propor novas alternativas que escapam ainda ao seu olhar.  Porque quase sempre as suas incertezas são as minhas incertezas, esta é uma tarefa exercida permanentemente com o coração nas mãos, mas é uma tarefa que me dá muito gozo.

Ainda ontem um dos meus filhos, com a sua já tradicional pressa em crescer e se autonomizar, como quem não quer a coisa, colocou sobre a mesa uma série de alternativas de futuro para que as pudéssemos discutir. Juntos. Falamos todos, alertamos todos, opinamos todos. Sabíamos todos que, em última análise, a decisão não era nossa mas dele, e que apenas poderia ser dele. Sabíamos também que, quando acabássemos de discutir, ele dispunha de mais e melhores dados para poder escolher o melhor. E ele sabe também que, qualquer que seja a sua decisão, cá estaremos para enfrentar as consequências.

Juntos.

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