20241128

Por pouco ficava encurralado. A intenção não era má, talvez nem fosse consciente, mas tentaram encurralar-me. A propósito de uma discussão que tem tanto de atual como de superficial e estúpida: a da cor dos boletins de saúde. A pergunta que me colocaram era mais ou menos esta: se isso é assim tão importante, mais importante ainda é o nome que se dá à criança. Então não se dê nome para que ela o possa escolher quando quiser. Era mais ou menos isto.

Não dei seguimento. Neguei-me a seguir com a discussão. Não que a questão de fundo não seja importante – acredito que seja motivo de sofrimento para muitos – mas porque, se é importante, deve ser discutida seriamente. E só se discute seriamente com quem não está – voluntariamente ou não – entrincheirado. 


Discutir é dirimir argumentos. E isso apenas é possível com quem não está impermeabilizado, enquistado em si mesmo, mas põe a hipótese de não saber tudo. Por isso, não discuto com quem apenas tem certezas. São extremistas. Discuto com quem, como eu, anda sempre à procura. E que, ainda que no calor da discussão se diga disparates – dizem-se sempre disparates – permite que o que foi dito faça caminho dentro de si. E que tenha consciência que cada conclusão é passível de nova discussão. 


Hoje não me deixei encurralar. Pura e simplesmente disse que os termos da discussão eram tolos e que não discuto com tolos. Correu bem, como podem calcular . Paciência.

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