No final, comentava eu com quem me acompanha sempre nestas e noutras lides da vida, que é bom sentir que ainda tive um papel a desempenhar.
Por vezes acusam-me de dar demasiada importância à minha idade. Não me sinto velho. Mas também nunca acreditei na balela do espírito jovem com que se pretende fugir da idade. Acredito no tempo, sim, e nas alterações que, quando temos sorte, juízo e boa companhia, verificamos que o tempo provoca em nós. Ainda fiz os mais de vinte quilómetros diários à vontade - embora ainda me doam os músculos - mas já não dormi da mesma maneira. Ainda animei e cantei e provoquei a dança e a alegria, mas sei já que não cantamos as mesmas coisas com o mesmo gozo. Ainda me metia com eles e eles alinhavam a brincadeira mas sei que há brincadeiras e formas de ser e comunicar que têm o seu tempo que não é bem este tempo.
Gosto de ficar atento aos efeitos do tempo em mim. Não para evitar o que tenho a fazer mas para e tentar ajustar ao que tenho que fazer. Até porque, lentamente, vou assumindo papéis diferentes, e por mim esperados toda a vida. Esperava que por volta desta altura me escutassem, esperava que por volta desta altura aconselhasse, esperava que por volta desta altura a atenção do meu olhar fizesse mais que a concentração dos olhares em mim. E é justamente isso que começa a acontecer. Graças a Deus!
Saber o lugar que se deve ocupar a cada momento é uma bênção. E, numa equipa como a nossa da PJV eu sinto que tenho um lugar. Que já não vai sendo o que tem sido. Pelo menos, espero que não. Seria mau sinal se assim não acontecesse.

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