Assim que se passou para as perguntas de quem assistia à mesa redonda comecei a contar os minutos. Por escasso tempo. Foi a primeira pergunta. Não foi recorde, no entanto. Junte-se uma conferência da Igreja - sobre qualquer tema - e pessoas nos entas, e a pergunta é tão previsível como a morte: como se há de combater o demónio que se esconde no facebook e o mal que as redes sociais fazem aos nossos jovens e às nossas famílias. Torço-me sempre na cadeira. Sei que não adiantaria nada tentar responder. Sei que os argumentos que o mal não está nos facebooks ou quejandos mas na distância que se instalara antes, quando os miúdos eram novos caem em saco roto. Sei que explicar que temos que ir ao encontro da malta nova onde ela está - e se está nas redes sociais porque não irmos até lá - e não batermos no peito como virgens ofendidas é redundante. Sei que recordar que Jesus, que aos pescadores falava de peixe e aos agricultores de sementes, ia ter com as pessoas onde quer que elas estivessem, é tido como sendo naquele tempo. Sei que apelar ao juízo para deixarem de tentar parar a água com as mãos é tempo perdido. E sei isto tudo porque isto tudo já aconteceu na forma tentada e efetivada e perdida. É coisa antiga na Igreja: é muito mais cómodo encontrar o bode expiatório (Lev 16, 5-22) que assumirmos nós as nossas responsabilidades, seja em termos de educação, seja em termos de evangelização.
Já tenho dois dos meus fora de casa. E as redes sociais facilitam-me a vida. Vou sabendo deles, por onde andam, o que fazem, vamos conversando e acompanhando-nos mutuamente. Prolongamos uma relação que sempre foi a nossa: proximidade quando era preciso, distância quando era de vontade. Acredito que aquilo que as redes sociais permitem é justamente isso: acentuar as relações e os comportamentos. Quando se trata de miúdos exigem maior cuidado e atenção. Depois, vai sendo menos. Vai-se acompanhando, como na vida. O problema é quando não se acompanha na vida. Mas a questão, nesses casos, não está nas redes sociais. 

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