Durante o fim de semana em Londres, duas experiências antagónicas.

Fomos à eucaristia. Católica. Uma língua diferente, um país diferente, uma Igreja diferente, minoritária, de resistência, num país esmagadoramente e politicamente protestante. Mal me sento, olho à volta e vejo uma assembleia envelhecida, como as nossas, mas composta maioritariamente por imigrantes negros. Arrisco a avaliar que a meia dúzia de brancos são irlandeses, não ingleses. Mas o que mais me chocou foi a negatividade da homilia. Apelou constantemente à resistência, inúmeras referências ao mundo, lá fora, que é exclusivamente motivo de pecado, e que, para nosso consolo, é apenas temporário. Devemos, por isso, fugir do mundo, resistir até que chegue o Reino dos Céus, penitenciarmo-nos quando não o conseguimos. Graça, zero. Esperança, zero. Alegria, zero. Creio que nunca tinha escutado uma homilia assim, tão pesada, tão negativa, tão desesperançada, tão carente de Jesus.

No início, é muito esquisito. Ver dois homens ou duas mulheres de mão dada, a trocarem carícias e meiguices, de todas as idades, de todas as etnias, com a mesma naturalidade com que o fazemos nós, os heterossexuais. No início encorrilho a testa. Racionalmente, a homossexualidade está mais que "naturalizada" mas vê-la assim, tão à descarada, tão assumida, é novo, e não consigo deixar de estranhar. Depois passa. Ainda na semana passada, numa conversa, disse que amar nunca pode ser motivo de arrependimento, nunca pode ser sinónimo de coisa má, negativa, que deva permanecer escondida. E amar deve ser sempre possível acontecer em liberdade. E o que eu digo não podem ser apenas palavras. E aquilo em que acredito não podem ser apenas palavras.

Duas experiências antagónicas, dois sinas contrários, encontrados em lugares opostamente inesperados.

Tenho ainda muito a interrogar, a descobrir, a aprender.

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