Vou lançando avisos. Avulsos. Aqui e ali. Como quem não quer a coisa. Já não durmo como dormia antes. Já não tenho a capacidade de passar noites em claro. Já preciso de, pelo menos, um colchão e uma almofada. As articulações rangem. O estômago já não aguenta qualquer coisa. Vou fazendo planos, a médio prazo, para quando eu não conseguir, de todo, fazer o que faço. Com quem faço. O que a idade dá em experiência e sagacidade mental rouba em capacidade física. Com juros. Não é um drama. Pelo menos não para mim. Eu gosto das queixas do corpo apesar da dificuldade em me adaptar às novas exigências. Gosto de sentir a idade e o que a ela vem agarrado. Gosto da serenidade, da tranquilidade, da progressiva percepção que nada é assim tão importante nem tão decisivo que valha muitas das histerias que imaginamos ter. Gosto de dar um valor maior ao que tem um valor maior e de menorizar o efémero. Isto não é conversa de velho. É conversa de quem não desistiu, ainda, de procurar.

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