Vou lançando avisos. Avulsos. Aqui e ali. Como quem não quer a coisa. Já não durmo como dormia antes. Já não tenho a capacidade de passar noites em claro. Já preciso de, pelo menos, um colchão e uma almofada. As articulações rangem. O estômago já não aguenta qualquer coisa. Vou fazendo planos, a médio prazo, para quando eu não conseguir, de todo, fazer o que faço. Com quem faço. O que a idade dá em experiência e sagacidade mental rouba em capacidade física. Com juros. Não é um drama. Pelo menos não para mim. Eu gosto das queixas do corpo apesar da dificuldade em me adaptar às novas exigências. Gosto de sentir a idade e o que a ela vem agarrado. Gosto da serenidade, da tranquilidade, da progressiva percepção que nada é assim tão importante nem tão decisivo que valha muitas das histerias que imaginamos ter. Gosto de dar um valor maior ao que tem um valor maior e de menorizar o efémero. Isto não é conversa de velho. É conversa de quem não desistiu, ainda, de procurar.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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