"Não basta não praticar o mal, é preciso escolher o bem." Papa Francisco

A Verdade e a Superação exercem, frequentemente, em mim, forças e poderes contraditórios. Por um lado existe desde sempre, mais que uma mera procura, uma demanda que tem a  busca da Verdade como bússola. A Minha Verdade, fundamentalmente. E nessa demanda carrego, de forma permanente, uma bolsa onde estão colocadas todas as coisas que vou escutando de mim. Talvez seja por isso que, a esse respeito, tenha uma memória prodigiosa que de nada me deixa esquecer. Recordo coisas que o meu pai me disse era eu ainda muito pequeno - nenhuma delas abonatórias - e que me continuou a dizer até tarde na minha adolescência, até eu “desligar”. Rótulos,  soundbites, como agora se diz, que ecoam permanentemente na minha cabeça e que ganham vida própria quando tenho que uenfrentar novos desafios. Não sei se por causa desses soundbites, sempre vivi as opiniões positivas acerca de mim de forma muito extremada: nos momentos em que estou bem, desvalorizo-os e digo-me que apenas dizem isso porque não me conhecem; nos momentos de maior fragilidade, agarro-me a elas como um naufrago a uma tábua de salvação. Uma e outra são formas muito dúbias de escutar e, sobretudo, de fazer caminho.

Hesito por isso com frequência entre a minha Verdade e a Superação de mim. Aceitar a minha Verdade tranquiliza-me, concilia-me comigo próprio, ajuda-me a gostar de mim. Acomoda-me. Creio que por aí me deixaria ficar, naturalmente, se não tivesse fé.

A sensação que tenho muitas vezes é a do acolhimento apenas para me transformar. Sinto muitas vezes, mesmo, efetivamente, a presença e o chamamento de Jesus na minha vida. Particularmente nas alturas de maior fragilidade, quase que sinto os seus braços em torno da minha alma, a fazer-me sentir amado assim, justamente como e pelo que sou. Mas nunca se fica por aí. Como um doente em convalescença, a cura da alma é apenas o ponto de partida, o impulso que necessito a cada momento de fragilidade para me poder superar e dessa forma chegar mais longe. E mais longe é dar resposta, invariavelmente, àquilo para que me sinto chamado. Paradoxalmente, é a fragilidade, a dor na fragilidade, a solidão na fragilidade, que me faz chegar mais longe. Recolher-me no Pai é, simultaneamente, consolo e desafio, entrega e querer, rendição e superação. E encontro de um novo patamar de Verdade: a minha Verdade em Deus.

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