Um dos meus filhos precisava de ter tantas vidas como os gatos. É muito bom em imensas vertentes, o que lhe causa problemas de escolha. Quando era miúdo, chegou uma altura em que eu lhe exigi que fizesse uma escolha: ou futebol ou jazz. As duas, não poderia ser. Disse-me esta semana que se tinha arrependido de ter escolhido o futebol. É a vida! Respondi-lhe para não se arrepender: o seu percurso é o seu percurso, a sua história de vida é a sua história de vida, e nela cabem as escolhas que fez e que vai fazendo.

O extraordinário não é chegar a esta conclusão quando se olha para o que já decidimos fazer. De uma forma ou de outra, se estamos em condições de o fazer não nos podemos queixar em demasia. O difícil é ter esta certeza, esta confiança, quando apanhamos com as consequências das asneiras que escolhemos fazer. É em plena tempestade que se vê a fibra do marinheiro, não nos relatos da viagem, normalmente escritos quando o vento amainou e se assiste a um belíssimo por do sol. É na dúvida, na incerteza, no medo do que poderá acontecer no segundo seguinte que se forja a vida. É aí, justamente nesses momentos de aflição que decidimos entre a entrega e a fuga, a confiança e o desespero, arriscar ou perder.

E o melhor mesmo é viver assumindo o que se é, o que se fez, o que se foi escolhendo, dando Graças por tudo isso.

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