Não sou de ter invejas. De coisas. Sou de ter algumas. De vidas. De momentos vividos.
Hoje vi mais uma vez santiaguistas. De manhã cedo, naquela sublime paisagem da Foz do Douro. Novos, velhos, homens, mulheres, acompanhados ou solitários, portugueses ou não, lá iam eles passo ante passo, com aquela mistura de cansaço e prazer no olhar, de quem se responde ao mesmo tempo que se pergunta "que raio faço eu aqui, estava tão bem em casa!", de quem sabe que é ali que pertence. Não passa um só por mim que não me desperte o desejo profundo de me juntar a ele. Um só. Por mim, corria para casa, enfiava meia dúzia de coisas na mochila e partia. Já. Hoje. Agora.
Há, nas caminhadas - mesmo naquelas pequenas que faço todas as manhãs antes de trabalhar - algo que me reconcilia comigo próprio e com a minha vida. Não sei se é o cansaço físico, se a concentração desconcentrada, se a prioridade que é dada à mente apenas para assegurar um pé a seguir ao outro e, de resto, liberdade total, não sei se é a solidão ou o silêncio ou a introspeção - ainda que caminhe com multidões de jovens ululantes - não sei o que é ao certo mas sei o que me provoca: um desejo imenso de partir.
Não tardará, se Deus quiser!

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