Aqui há uns tempos assaltaram-me o carro. Num parque de estacionamento. Partiram um dos vidros e levaram tudo o que lá tinha. Nunca mais voltei a colocar o carro naquele parque. Mesmo quando volto àquele lugar coloco o carro num outro parque, a poucos metros de distância.
Não consigo imaginar como será para um pai ter que voltar naquela cidade. Não imagino o medo, a ansiedade, a desconfiança, o permanente olhar por cima do ombro. Eu, que levei imenso tempo a habituar-me a ir para a cama apesar de os meus filhos ainda não estarem todos em casa. Eu, que apenas sossego no sono depois de confirmar, com os meus olhos, que eles estão ali, no quarto ao lado.
O Papa fala muitas vezes na cultura da indiferença mas, face a este tipo de acontecimentos, temos mesmo que, por motivos de sobrevivência, cultivar uma espécie de abstração generalizada. Sob pena de não conseguirmos dar dois passos seguidos fora da porta.

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