Acordou triste, o meu dia de hoje. Um dos nossos partiu. Mais um!

E no entanto, é na vida que penso, com a notícia da sua morte. É nos momentos que passamos juntos, nas nossas brincadeiras, nas férias, nos retiros, nos encontros. Estou a vê-la, com a sua alegria do costume, com a sua irreverência do costume, que constituiu a sua imagem de marca, a subir para a mesa e a dançar, cantando e rindo ao mesmo temo, intercalando a estrondosa voz com as sonoras gargalhadas que a distinguiam de todos os outros. Esteve lá desde sempre, no JUP, no nosso JUP, que foi a nossa verdadeira escola de fé e de vida. Nunca foi consensual, nunca foi discreta, nunca foi submissa. Essas características vieram ainda mais ao de cima na forma pública como lidou com a doença, ora assumindo uma cabeça rapada com o mesmo à vontade com que continuava a viver desenfreadamente, ora reconhecendo a dor quando a dor era verdadeiramente insuportável. Era assim a Carmen. E só podia ser assim, porque era a Carmen.

Ontem, quando vinha a caminho de casa, passamos pela Santa Rita e pensei no Rui, nas nossas caminhadas recheadas de conversas, das nossas conversas recheadas de caminhadas. De como sempre tivemos coisas para partilhar, ainda que tanto nos separasse, ou justamente porque muito nos separava, da política ao futebol. No entanto, muito mais é o que nos une, imensas vezes provado e comprovado ao longo da nossa vida. Sempre foi muito mais o que nos une, ainda para mais hoje, em mais um momento de dor profunda. E têm sido tantos ultimamente!

Acordou triste, o meu dia de hoje. Um dos nossos partiu. Mais um!

Encontrará paz. Finalmente!

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