hoje esqueci-me de colocar o cinto

Sou um homem de rituais. Gosto de fazer as mesmas coisas nos mesmos dias, se possível à mesma hora. Quando chego a casa coloco as coisas no mesmo sítio, sento-me no mesmo lugar a ver as coisas de sempre. De manhã, repito a rotina de todos os dias, pela mesma ordem. Começo o dia com uma caminhada de uma hora pelos mesmos lugares e, depois de rezar peripateticamente, escuto os podcasts ou a música de sempre. Inicio o trabalho da mesma maneira, pela mesma ordem: agenda, e-mails, notícias, redes sociais. Este é, normalmente, o elemento constante nos meus dias. Quase sempre, o único elemento constante, porque o que eu faço com que faço exige uma adaptação permanente, uma procura do novo, um confronto permanente entre o que é feito e a avaliação do que é feito para que se possa fazer melhor. Talvez por isso os rituais me sejam muito importantes, quase como lemes que me impedem de navegar exclusivamente ao sabor dos dias. Não gostando de surpresas - reajo sempre muito mal nos primeiros 15 segundos - tenho, no entanto, a capacidade de me adaptar com rapidez e, sobretudo, de não encalhar no que eu gostaria que acontecesse. À medida que a idade avança vou percebendo que há coisas que são o que são e o que sou chamado a fazer é sobre o que é e não em cima do que eu gostaria que fosse. Não se trata de rendição mas de adaptação, na tentativa de fazer o melhor.

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