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O que nos faz correr? O que nos faz levantar da cama e prosseguir' Em nome de quê? Em nome de quem? Tem andado cá por dentro aquela questão que me pergunta onde está o meu tesouro. Acabei de ver uma série que anda à volta de miúdos na casa dos vinte que se candidatam a trabalhar num banco londrino. De dia, são negociadores implacáveis, apelando ao pior de si mesmos em nome da competitividade. De noite são cadáveres ambulantes com um vazio imenso que é ilusoriamente preenchido com sexo, drogas e devassidão. Vejo aquela série e penso em alguns dos miúdos que me passam pelas mãos e nos pontos de contacto que certamente existirão: muito dinheiro, muita aparência, muito fogo de vista, muito glamour instagramável mas o que se passará fora dos holofotes? Nos Dias de Reflexão, a determinada altura, ponho uma música clássica calma a tocar e deixo-os a escutá-la durante uns bons cinco minutos. E coloco a seguinte pergunta "quem sou eu quando ninguém olha para mim?" Porque esta é uma pergunta que a vida, tarde ou cedo, acaba por nos colocar. E o melhor é que se nos vá colocando a tempo de irmos sabendo a resposta. O curioso disto tudo é que a fuga ao compromisso conduz, não à liberdade tão almejada, mas ao vazio. Sem compromisso não há cumprimento, não há rumo. Sem amarras não há porto e sem porto não há partidas nem chegadas. Apenas viagem. E a viagem, sem destino, é um imenso tédio.

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