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 Um novo ano começa, e com ele novos princípios, que mais não são que tentativas de recomeços. Claro que sei que esta divisão do tempo é apenas nossa, é artificial, que somos continuidade e que com a mudança artificial da contagem do tempo a essência permanece. No entanto, sendo isso verdade, não o é inteiramente. Eu não vivo o tempo como se fosse todo um só. Creio que nenhum de nós o vive. Temos fins de semana e aniversários e efemérides várias porque precisamos de ser recordados do que nos guia e nos motiva e faz com que a vida não seja sempre a mesma coisa. Estarmos com alguém que apreciamos no seu dia de aniversário é um acontecimento especial; celebrarmos a eucaristia ao domingo é um acontecimento especial; passarmos um doce fim de semana com quem amamos é um acontecimento especial. É o mesmo tempo, mas não é o tempo igual. Regressarmos a casa no final de um preenchidíssimo dia de trabalho é um acontecimento especial, que nos permite a recuperação física e afetiva que nos recupera daquela terrível sensação de sermos meros parafusos de uma qualquer engrenagem. Da mesma forma, sendo eu o mesmo, as dimensões que são reveladas e preenchidas em cada um desses momentos são diferentes. Naturalmente, serei mais afetivo numas e mais racional noutras. Começo os meus Dias de Reflexão com uma lapalissada que motiva o riso mas é importante: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Não é tudo a mesma coisa. Assim é o tempo. Assim sou eu. Assim somos nós.

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