202001051215

 

Lá em casa discutimos bastante as opções de vivência da fé de cada um de nós. Que são tantas quantos somos nós, porque apesar de os nossos filhos terem plataformas idênticas - o que não acontece comigo e com a Isabel que, neste campo, vimos de sítios muito diferentes - a forma como cada um deles incorpora e celebra a fé é múltipla. Enquanto eram miúdos essa era uma das nossas responsabilidades, e cumprimo-la. Fizeram o percurso catequético normal, participaram na eucaristia connosco, cantaram, foram catequistas, membros e orientadores de grupos juvenis, assumiram responsabilidades no Fé e Luz, rezamos juntos à refeição... tudo como manda a sapatilha. Depois, foram saindo de casa à medida que acabavam os seus cursos, foram saindo de casa, largando as saias de mãe - sempre bem mais incisiva que eu nestas coisas - conhecendo e escolhendo as suas companhias de caminho, e agora nem sempre participam na eucaristia, nem sempre rezam, nem sempre é clara para nós a sua escolha pessoal em ter Deus na sua vida. Sempre que conversamos sobre o curriqueiro dos seus dias vejo neles, de forma clara, a presença de Deus. Todos eles vivem a vida com os olhos postos nos outros, todos eles têm a dimensão do sagrado muito clara, todos eles são contestatários da Igreja mas andam à procura de uma maneira de a encaixar na sua forma de viver a fé. Eu, que sempre fui mais de ver copos cheios, percebo-lhes o percurso, que tem que ser o seu percurso, e sobretudo leio o tempo de maneira diferente. Não fico demasiadamente preocupado com a sua fase atual porque a vida ainda não lhes falou - nós esforçamo-nos bastante para que a vida lhes fale quando estiverem preparados para a escutar - e porque acredito que, quando acaba o nosso trabalho de pais é quando trabalha neles Deus de forma mais incisiva. Por isso, quando sentirem os ossos na pele, Deus falar-lhes-à e eles, que conhecem a Sua linguagem, saberão escuta-Lo.

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