Já não são bem assim, que esta foto tem cerca de três anos. São ainda assim por que serão sempre assim para mim. Miúdos. Pessoas extraordinárias, com capacidades verdadeiramente extraordinárias, com escolhas extraordinárias. Mas miúdos. Os meus miúdos.

A minha vida tem passado por uma série de convulsões, fruto de uma procura, que se pretende definitiva, de definição pessoal. Como estas coisas não acontecem por separado mas são como ímans, que se atraem umas às outras, colocaram-me há dias uma questão que começava assim: "se eu te perguntar quem é o Zé..." Já me estão a ver a salivar! Sou como aqueles putos que adoram que façam perguntas sobre eles próprios. Provavelmente porque cada resposta - que é muito variável em função do momento - é mais um degrau para que eu a consiga responder com maior grau de verdade. E passito a passito...

Ontem, enquanto não desperdiçávamos o sol, íamos conversando justamente isto. Em boa verdade, como respondi a quem perguntou, o Zé não é, o Zé vai sendo. E toda a vida foi sendo, foi procurando, foi tacteando, foi-se entregando ora a uma ora a outra realidade, sentido que pertence ora a uma ora a outra realidade, por vezes concorrentes entre si, por vezes até antagónicas, como se apenas desempenhasse papéis em cima do palco que ia sendo a sua vida (falar na terceira pessoa até facilita! eh eh eh). No entanto, como eu peripateticamente dizia ontem (sou muito peripatético, as mais das vezes sem peris) quando olho para trás vejo coisas que foram por mim desde sempre sonhadas e que agora são vida.

Quando, por brincadeira, me apresento aos miúdos que tenho diante de mim, apresento-me sempre da mesma forma: olá, eu chamo-me zé, sou casado e tenho cinco filhos. Todos eles sabem disto e correspondem na brincadeira! Se acrescentasse a isto sou católico e portista, estava feito o retrato dos alicerces do Zé. Ser pai, no entanto, é aquilo que sou no mais profundo de mim. As coisas boas, as camelices, as noites mal dormidas, as noites acordados, as discussões as canções, as brincadeiras, as procuras pessoais, as aventuras e desventuras, tudo isso tem os meus filhos como pano de fundo. É tão intenso, tão profundo, tão overwhelming - à falta de uma palavra em português - que é verdadeiramente indescritível.

Se calhar, quando voltarem a colocar a questão "se eu te perguntar quem é o Zé..." eu responda: é pai.

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